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Obama dá apoio limitado a ambição brasileira na ONU
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, celebrou a "extraordinária" ascensão do Brasil no cenário internacional, mas não chegou a apoiar sua ambição de um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
No início de sua turnê de cinco dias pela América Latina, Obama disse ao lado da presidente Dilma Rousseff neste sábado que sua visita é uma oportunidade histórica para reforçar os laços dos EUA com a maior economia da região.
"A extraordinária ascensão do Brasil, senhora presidente, cativou a atenção do mundo", disse ele. "Colocado de forma simples: os Estados Unidos não apenas reconhecem a ascensão do Brasil, nós a apoiamos com entusiasmo."
Obama, às voltas com crises profundas na Líbia e no Japão, quer garantir uma maior participação dos EUA no robusto crescimento econômico da América Latina.
Aprofundar as exportações norte-americanas cria empregos em casa e auxiliará Obama a ter esperanças de se reeleger em 2012. Antes da visita, o Brasil demonstrou algum descontentamento por Obama se mostrar interessado sobretudo em pegar carona na vitalidade econômica de seus anfitriões, embora não tenha se estendido no tema durante seus comentários públicos em Brasília.
Dilma adotou um tom mais duro, e citou a necessidade de uma "relação de iguais" à medida que a influência do Brasil nos assuntos globais cresce junto com sua economia.
Ela mal olhou para Obama durante suas declarações, e se concentrou mais em assuntos que dividem as duas nações, como comércio e a decisão dos EUA de injetar recursos na economia para ajudar sua recuperação econômica, uma medida que tem prejudicado o Brasil à medida que os fluxos de capital sobrevalorizam o real.
"No passado, esse relacionamento esteve muitas vezes encoberto por uma retórica vazia, que eludia o que estava verdadeiramente em jogo entre nós, entre Estados Unidos e Brasil", disse ela, citando os subsídios norte-americanos para a agricultura e a tarifa sobre o etanol brasileiro como barreiras a serem removidas.
"Preocupa-me igualmente a lentidão das reformas nas instituições multilaterais que ainda refletem um mundo antigo", declarou ela.
O Brasil acredita que sua maior influência diplomática e econômica o faz merecedor de um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Dilma disse que não se trata de "o interesse menor da ocupação burocrática de espaços", e sim que ela pensa que isso produzirá melhores resultados na busca pela paz.
Em comunicado conjunto, Dilma e Obama disseram reconhecer a necessidade de reformar instituições internacionais para refletir "as realidades políticas e econômicas atuais".
Mas Obama não apoiou explicitamente as aspirações brasileiras na ONU, como fez pela Índia quando visitou Nova Délhi em novembro.
"O presidente Obama manifestou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente no Conselho de Segurança", informou o comunicado.
PETRÓLEO POR COOPERAÇÃO
No geral, Dilma disse estar otimista com as relações Brasil-Estados Unidos, que atravessaram um período de tensão no ano passado, e que vê oportunidades para os dois países cooperarem no desenvolvimento dos vastos campos de petróleo brasileiros.
Não se espera que a viagem renda maiores avanços nas barreiras comerciais, uma área na qual Washington e Brasília vêm tendo atritos nos últimos anos.
Entretanto, resultou em uma série de acordos preliminares que objetivam reforçar o comércio e a cooperação em temas que vão da tecnologia espacial ao desenvolvimento conjunto de biocombustíveis para a aviação.
Os países ainda assinaram um acordo de "céus abertos" que permitirá a linhas aéreas brasileiras e norte-americanas operar mais rotas entre si, assim como um esboço geral com o qual os EUA ajudarão o Brasil a se preparar para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
A visita de Obama é parte de um esforço de reaproximação dos vizinhos em uma região onde os Estados Unidos enfrentam uma concorrência crescente da China, atualmente o maior parceiro comercial do Brasil.
(Reportagem adicional de Raymond Colitt, Brian Winter e Todd Benson)